quinta-feira, 22 de julho de 2010

sem palavras

e quando o sangue seca
as lágrimas ressoam até o ressequido
desse nada, atentado ao devir...

não cabem palavras para suportar,
elas não sustentam o peso do nada
enquanto pairamos entre soluços engasgados...

forte é o silêncio que não se permite calar.
é, o silêncio grita quando chega o fim,
quando chega o tudo,
quando de frente para o nada
a vida se cumpre sem metas.

sábado, 3 de julho de 2010

SÓ ISSO

Acordar de olheiras mal-dormidas;
pisar com os pés frios o duro chão;
sentir a luz queimar nas retinas
ao despertar mais uma vez para tudo isso...

Não o que foi, é ou será,
mas isso que está:
tudo isso que é de (algum) novo jeito.

Demovo tudo e me contento só.
Só com isso que está sem, simples.
Satisfaço-me na falta de...
e faço disso meu gozo diário,
meu santíssimo “pecado solitário”.

Não desejo vôos mirabolantes,
pessoas importantes ou carros turbinados.
Quero só poesia num dia-a-dia
que componho a pés descalços
baseado na falta dura de tê-los presos ao chão.
Quero só nada – saúde e risada.
Só com isso me contento...
Omisso? Nada...