quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sou?

As palavras esvaziam o meu silêncio.
Cuspo esta gosma fétida em verbo,
raspo o sebo das américas latrinas
rumo ao auto-extermínio.
Me desfaço em colônias existenciais
para que meu coração não me acometa.
Para come-la de quatro enquanto há;
deglutir a terra primeira do ser
sem enunciados nem justificações...
Me incomodar sem algum motivo,
convencê-los com nenhum argumento.
Quero coroar Rei o meu silêncio,
o meu sentido mudo de mundo,
ser potente que se esvai desassumindo...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ALGUMA COISA

Vivo a vida no imperativo
com um hiperativo que me resseca;
que me fala; que me cala e fala de novo
num tal de ter quê querer, ter quê fazer:
num tal de ter quê.

Me desapresento e tenho fome, vício
e um desejo que é necessário:
necessito dessas desnecessidades.
Já me faltam faltas a querer,
estou cheio de nada que me represente,
estou cheio de coisa qualquer...

Quero matar-me de satisfação
para aniquilar minha vontade de ser
e acabar com essa secreta angústia
que cuspo em teoremas do nada;
poesias pálidas e ocas; fast foods literários...

Minha poética é necessidade
e sua maior riqueza é significar o vazio,
provar do gesso cru, fazer sentido de modo qualquer.
Ela é o tanto que me faz nenhum,
o que na falta me preenche de nada.