sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ALGUMA COISA

Vivo a vida no imperativo
com um hiperativo que me resseca;
que me fala; que me cala e fala de novo
num tal de ter quê querer, ter quê fazer:
num tal de ter quê.

Me desapresento e tenho fome, vício
e um desejo que é necessário:
necessito dessas desnecessidades.
Já me faltam faltas a querer,
estou cheio de nada que me represente,
estou cheio de coisa qualquer...

Quero matar-me de satisfação
para aniquilar minha vontade de ser
e acabar com essa secreta angústia
que cuspo em teoremas do nada;
poesias pálidas e ocas; fast foods literários...

Minha poética é necessidade
e sua maior riqueza é significar o vazio,
provar do gesso cru, fazer sentido de modo qualquer.
Ela é o tanto que me faz nenhum,
o que na falta me preenche de nada.

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